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Atala Engenharia promove empregabilidade contratando pintoras, capacitadas pelo programa Coral Mulheres na Cor

By ArtigoOne Comment

Coral Mulheres na Cor atinge altos níveis de empregabilidade e promove transformação social. Programa social capacitou moradoras de Paraisópolis para a construção civil. Nova turma do projeto está prevista para este ano.

São Paulo, março de 2023.

Joangela Souza Sobrinho, 37 anos, fazia bicos como diarista. Thainara Diana Diogo da Silva, 27 anos, era manicure. Com a pandemia, viram rapidamente as oportunidades de trabalho diminuírem drasticamente. Moradoras do Jardim Colombo, no Complexo Paraisópolis, na Zona Sul de São Paulo, elas encontraram no Coral Mulheres da Cor, projeto idealizado pela AkzoNobel que reúne diversas empresas com o objetivo comum de transformar histórias femininas por meio da profissionalização, a possibilidade de se reinventarem. E há pouco mais de dois meses já colhem os frutos dessa capacitação, trabalhando na construção civil como pintoras, em empresas ou como autônomas.

Joangela e Thainara fazem parte de um grupo de 14 mulheres que iniciaram o curso de capacitação em pintura em junho de 2022. Formadas no último mês de outubro, as participantes começam a se colocar no mercado de trabalho e a ajudar a mudar a cara de um segmento no qual ainda estão sub representadas. De acordo com pesquisa realizada em dezembro de 2021 pela Abrapp, Associação Brasileira de Pintores Profissionais, as mulheres representam apenas 10,5% dos membros da entidade.

Contratações – A Atala Engenharia, parceira de empregabilidade do projeto, contratou até o momento oito profissionais para atuar em seus projetos de restauração e reforma em condomínios residenciais e comerciais em São Paulo.

“A proposta inicial era contratar seis profissionais para integrar o nosso time de pintores. Todas as interessadas foram entrevistadas, visitaram as dependências da Atala Engenharia, puderam conhecer nossa estrutura e outros profissionais que já atuam na área de restauração de fachadas”, conta o engenheiro Carim Atala Elmor Sobrinho, diretor da Atala Engenharia. Ao final do processo de contratação, foram selecionadas oito profissionais, e mais duas serão contratadas no decorrer de fevereiro, totalizando dez pintoras profissionais em nosso quadro. “Duas das contratadas mostraram interesse em trabalhar em altura, para pintar fachadas de prédios. Isso foi muito gratificante para nós, tanto que decidimos investir em treinamentos para que elas possam se desenvolver também nessa carreira”, afirma.

O diretor ressalta que todas as participantes chegaram com muita garra e entusiasmo para aplicar seus novos conhecimentos. “Elas encontraram na pintura uma nova forma para prover o sustento de suas famílias, além de conseguirem enxergar uma oportunidade real de crescimento. A Atala Engenharia se sente honrada em fazer parte desta história”, complementa.

Vidas transformadas – Com três filhos entre 4 e 9 anos, Thainara Diana, hoje funcionária da Atala, ficou sabendo do projeto Coral Mulheres na Cor ao buscar uma cesta básica na ONG Fazendinhando, movimento de transformação territorial, cultural e social que busca desenvolver a comunidade do Jardim Colombo e seu entorno, uma população de aproximadamente 15 mil moradores, em uma área de quase 15 hectares que integra o Complexo de Paraisópolis. Thainara vive na região desde que nasceu e não hesitou em se aventurar em uma capacitação completamente nova. “Adorei o curso. Aprendi como preparar e tratar paredes, e já estou colocando em prática”, diz com satisfação. Ela também já tem em vista um curso sobre impermeabilização e quer aproveitar toda oportunidade que tiver para buscar mais conhecimento. Paralelamente ao novo emprego, ela também arruma tempo para aplicar todo o aprendizado na casa da mãe.

Thainara relata não somente sobre esse crescimento profissional como também pessoal em tão curto espaço de tempo. “Eu me sentia desanimada, cansada de mandar currículo e não obter resposta, de ir a algumas entrevistas e não ter retorno algum. Como manicure não era algo fixo e às vezes trabalhava doze horas para conseguir mais clientes. Agora tenho um horário de trabalho em que consigo aproveitar meus filhos que ainda são pequenos, cuidar da casa e ainda cuidar de mim. Melhorou bastante minha autoestima, estou muito orgulhosa de estar conseguindo trabalhar o dia todo, de segunda a sexta, e ainda ir para academia à noite, dar algo melhor para os meus filhos, isso tudo me deixa feliz”, conta a pintora.

A realização também se mostra no trabalho. “Pintando a parede e vendo como está ficando, penso ‘olha só, jamais eu imaginaria que hoje eu estaria aqui fazendo isso e ainda deixando tudo bonitinho, pintando com cuidado, sem sujeira. Dá uma satisfação tão grande! Nós, mulheres, somos cuidadosas, e as pessoas têm visto isso no nosso dia a dia como pintoras, apesar de muitas ainda se surpreenderem com nossa profissão e achar que somos ajudantes ao nos verem uniformizadas”.

Hoje companheira de trabalho de Thainara, a baiana Joangela Souza Sobrinho veio para a capital paulista aos 13 anos. Desde então, mora em Paraisópolis. Mãe de uma filha de 7 anos, o programa social Coral Mulheres na Cor deu a ela a oportunidade de aprender o ofício já desempenhado por seu marido e a sonhar novos e longos voos. “O curso foi tudo de bom. Agora quero buscar bastante experiência, conhecimento prático nesse trabalho. No futuro, meu sonho é poder trabalhar com meu marido, pintor de fachadas”, diz.

Joangela aponta que a capacitação foi importante tanto para aumentar sua renda familiar, quanto para a autoestima. “Agora posso ajudar minha família e comprar minhas coisas sem pedir para ninguém, porque não é questão de o marido não querer dar, mas um pouco do que tira dali, do orçamento, já falta em outro lugar. Consigo comprar coisas para minha filha que não conseguia antes, e também me presentear. Eu conquistei isso”, conta. “O reconhecimento em uma área dominada por homens também é recompensador. Outro dia uma criança me viu pintando e falou que também quer trabalhar com pintura”, completa.

Exatamente para estimular a representação feminina na área é que a AkzoNobel, por meio da sua marca Coral, buscou empresas que compartilham de seu propósito de ser agente de inclusão e transformação social, por meio da sustentabilidade. O SENAI-SP, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, é o parceiro de ensino do programa. Os parceiros financeiros são Bazar das Tintas, CASACOR, Dow, Oxiteno, Tintas MC e WACKER. Os parceiros de ferramentas são Condor e Vonder; e os de empregabilidade, Atala Engenharia e Abrapp. A ONG Fazendinhando é a parceira para relacionamento com as participantes.

Por dentro da iniciativa – Uma recente pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV-IBRE) mostra que desde 2012 a taxa de desemprego da população feminina é superior ao percentual dos homens: o índice era de 16,45% em 2021, o equivalente a mais de 7,5 milhões de mulheres. No total, o percentual médio anual de desemprego na economia foi de 13,20% em 2021. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o percentual de domicílios brasileiros comandados por mulheres saltou de 25%, em 1995, para 45% em 2018, devido, principalmente, ao crescimento da participação feminina no mercado de trabalho. Já o Sebrae calcula que cerca de 24 milhões de brasileiras empreenderam no país em 2021. Não ao acaso, o tema é um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ONU), ODS 5, igualdade de gênero, que trata sobre esse tema por meio do empoderamento feminino, uma vez que a capacitação de mulheres e meninas tem um efeito multiplicador e ajuda a gerar crescimento social e econômico em geral.

“Com jornadas exaustivas dentro e fora de casa, acumulando atividades domésticas, cuidando dos filhos e trabalhando em subempregos, muitas mulheres encontram obstáculos para entrarem e se manterem no mercado de trabalho. Foi dessa necessidade de inclusão e empoderamento feminino que surgiu esse programa com foco não somente em capacitação, mas também em criar oportunidades e aumentar a autoestima dessas mulheres em situação de vulnerabilidade”, comenta Daniel Geiger Campos, presidente da AkzoNobel para a América Latina.

Entre os critérios de seleção do Coral Mulheres na Cor estavam mulheres maiores de 18 anos, com escolaridade mínima do 4º ano do Ensino Fundamental, desempregadas ou com renda de até um salário-mínimo, chefes de família com dependentes em idade escolar. Durante dez semanas, essas mulheres receberam um curso completo com conhecimento 360º sobre pintura, totalizando mais de 200 horas. O início foi o Curso de Formação de Pintor de Obra, na unidade SENAI Orlando Laviero Ferraiuolo, no Tatuapé, em São Paulo. Elas também participaram do PRINT (Preparação para a Inserção no Trabalho), com conteúdo que apoia o profissional para sua inserção e retenção no mercado de trabalho. O projeto ainda agregou palestras, mentorias e especializações promovidas pelas empresas parceiras. Para completar a experiência, um curso de 30 horas, na unidade de Mauá da AkzoNobel, foi realizado pela Academia Coral, com conteúdo teórico e prático sobre diversos temas, como cores e tendências, equipamentos e produtos, aplicação de efeitos decorativos e novas tecnologias. No decorrer do curso, as participantes receberam bolsa-auxílio, transporte, alimentação, uniforme e Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) custeados pelas companhias apoiadoras. Para complementar, todas receberam um kit de ferramentas manuais e elétricas, especialmente significativo para as que decidirem seguir jornada independente.

Além disso, essas mulheres também contaram, durante toda essa jornada de aprendizagem, com o apoio de dois pintores profissionais experientes, Ana Machado e Leandro Piovesan, verdadeiros conselheiros e embaixadores da turma, compartilhando toda a sua vivência de anos de atuação na área e incentivando as novas pintoras do mercado, no intuito que a capacitação tragam novas oportunidades para elas e que tenha efeito multiplicador e inspirador na comunidade em que elas vivem, expectativa também compartilhada pelas participantes dessa primeira edição.

“É maravilhoso estar nesse ramo. Espero que mais mulheres se encorajem para sair da zona de conforto e entrem nessa área, porque, sim, vale muito a pena trabalhar com pintura. Nós, mulheres, aguentamos carregar uma lata de tinta, equipamentos e fazer nosso trabalho lindo e perfeito e ainda deixar tudo impecável no final!”, diz a pintora Thainara.

Confira algumas fotos!
Créditos: Arnaldo Kikuti

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